Vai voar Hadoken para fora da tela!
Quando um jogo que faz sucesso nos consoles é anunciado para uma nova plataforma, sempre há o receio de que algo acabe dando errado no meio do processo. No caso de Super Street Fighter IV 3D Edition, a transposição ainda foi realizada para um portátil com menos botões do que os necessários para acessar todos os comandos do game original.
A Capcom, contudo, conseguiu fazer com que os Hadokens e Tatsumakis conseguissem ser realizados tão facilmente como nos consoles de mesa ou nos PCs. Para isso, a companhia aproveitou a tela sensível ao toque do 3DS para adicionar quatro slots nos quais se pode salvar atalhos para alguns comandos.
Além disso, todo o conteúdo de Super Street Fighter IV está disponível. Estão lá todos os personagens, cenários e modos (inclusive os trials, em que é possível aprender os combos de cada lutador) encontrados nas outras versões, assim como duas séries de roupas alternativas, disponíveis apenas por DLC nos consoles.
A companhia procurou também utilizar funções do 3DS no jogo. Assim, além da aplicação de efeitos tridimensionais nos gráficos do game, há também um modo que utiliza o Streetpass. Isso é uma prova de que a Capcom buscou adicionar novos recursos à antiga experiência.
Aprovado
Atalhos da felicidade
Adaptar a jogabilidade, um elemento essencial para qualquer jogo de luta, foi o grande desafio encontrado pela Capcom ao desenvolver 3D Edition. A princípio, o portátil possui botões suficientes para acomodar os ataques básicos, como todas as variações de socos e chutes.
Os consoles e fliperamas, no entanto, possuem teclas que funcionam de atalho para algumas combinações (como todos os socos de uma vez) essenciais para a realização de alguns combos. Como estes botões estão ausentes no 3DS, é possível salvar até quatro comandos na tela de baixo do portátil da Nintendo, fazendo com que os combates fluam normalmente.
Para isso, há dois modos de personalização dos atalhos, que podem ser acessados rapidamente com os polegares das duas mãos, sem afetar o desempenho do jogador e nem provocar dores por eventuais contorcionismos praticados para realizar alguns golpes.
O primeiro é o Lite, voltado para os iniciantes na série, que permite que ataques especiais sejam salvos. Desse modo, é possível soltar um Hadoken ou até mesmo um Ultra Combo apenas com o toque de um botão. Já o segundo, denominado Pro, permite apenas que ataques normais sejam salvos — o que inclui os atalhos para todos os socos e chutes, o Focus Attack e os agarrões.
Ao ouvir falar do novo sistema, é provável que veteranos reclamem da facilidade em realizar os comandos, da mesma forma que aconteceu em Marvel vs. Capcom 3. Mas como na outra série de luta, não basta realizar os ataques, mas também é necessário saber o momento certo para utilizá-los, assim como a melhor intensidade para cada ocasião.
Desse modo, não é justo dizer que os atalhos tornem tudo mais fácil. Afinal, ainda é necessário treinar muito antes de conseguir as primeiras séries de vitórias consecutivas, por exemplo. Além disso, quem ainda se sentir incomodado com o modo Lite pode escolher não utilizá-lo. No caso dos oponentes, também há um filtro nas partidas online que permite selecionar apenas aqueles que utilizem o mesmo sistema de atalhos que o seu — garantindo assim que todo mundo consiga se divertir à sua maneira.
O sucesso dos consoles sempre com você
Um dos grandes méritos de 3D Edition é o seu sucesso na transposição de um título que surgiu nos video games caseiros para um portátil que pode ser levado aonde o jogador desejar. Assim, quem estava acostumado com a versão original não irá se surpreender aqui com a falta de algum recurso, mas sim com conteúdos adicionais.
Desse modo, o modo Arcade não teve nada cortado. Está tudo lá: animações de transição, diálogos, estágios bônus, encontros com os rivais e os mesmos finais. Há também duas séries de roupas alternativas para os personagens, fazendo a alegria de quem sempre quis jogar com a Cammy com os trajes de Bison ou com um Zangief robótico.
Há também os desafios que incluem os famosos trials, feitos para que os jogadores possam aprender a utilizar o potencial de todos os personagens. Assim, é possível aprender com o próprio game a alcançar o máximo desenvolvimento com o seu lutador favorito (ou todos que você conseguir).
Por fim, para quem se cansar de enfrentar sempre o computador, há também um modo online também. Não é difícil encontrar oponentes e a conexão permanece estável em todos os momentos (é claro que isso depende da qualidade da conexão utilizada).
Assim, com todos os modos de jogo presentes na versão original, Super Street Fighter IV 3D Edition consegue conquistar qualquer um que deseja carregar a experiência do game original para todos os lugares.
Conteúdo extra? Sim!
Não contente em reproduzir toda a experiência do game no portátil, a Capcom ainda conseguiu utilizar os recursos exclusivos do 3DS para enriquecer o jogo original. Para começar, além da óbvia adição do efeito de profundidade no jogo (realizado de uma maneira que não incomoda os olhos), a companhia aproveitou a funcionalidade para desenvolver um novo modo, o Dynamic View.
Quando ativado, este novo modo coloca a câmera acima dos ombros do seu lutador. Assim, a jogabilidade muda um pouco, pois com é necessário aprender a calcular a distância com a nova perspectiva em ação.
O recurso é interessante e não demora muito para se pegar o jeito com o estilo. Contudo, com o Dynamic View ligado, não é difícil que a taxa de quadros por segundo do game caia quando golpes muito ágeis são utilizados (algo frequente neste título).
Além do novo estilo de câmera, Super Street Fighter IV 3D Edition possui uma modalidade chamada Figure Collection, na qual é possível colecionar pequenos personagens iguais aos lutadores do jogo. Eles podem ser trocados por pontos obtidos por meio dos modos principais e servem para enfrentar outros jogadores através do Streetpass.
Assim, quando o seu Nintendo 3DS está em modo de descanso e encontra outro portátil com o game por perto, eles automaticamente organizam uma batalha entre os lutadores salvos de cada jogador. Após os embates, os vencedores ganham mais pontos que podem ser trocados por ainda mais personagens, que podem ser visualizados mais tarde tridimensionalmente em detalhes.
Por fim, há a presença ainda de medalhas especiais que podem ser equiparadas aos troféus e conquistas do PlayStation 3 e do Xbox 360, respectivamente. Elas são obtidas com o cumprimento de certas tarefas, tais como ganhar a primeira batalha utilizando o Dynamic View ou terminar um certo número de rounds com Ultra Combos.
Reprovado
É para aprender, não para apelar
Um dos pontos fortes do título da Capcom é justamente o fato de os jogadores poderem customizar os controles de cada um dos personagens. No entanto, os trials, criados para que todos possam aprender a efetuar as combinações de ataques, podem ser resolvidos com os atalhos da tela sensível ao toque.
Com a escolha da empresa de permitir que os desafios sejam resolvidos dessa maneira, o incentivo ao jogador que desejar aprender a realizar os ataques especiais com os botões comuns é simplesmente retirado.
Slides em três dimensões
Quando o Dynamic View está ligado, é comum que a framerate do game caia constantemente. Uma pena, pois a nova visualização é atraente e consegue ser muito interessante. Contudo, a frequência desse tipo de ocorrência faz com que o diferencial desta versão do jogo seja logo esquecido.
Cenários profundos... E estáticos
É claro que em um jogo de luta o foco permanece sobre os personagens, afinal, as pessoas estão muito mais interessadas nos movimentos do seu adversário do que no avião que chega ao fundo.
Ainda assim, não dá para negar do charme de alguns estágios de Super Street Fighter IV, como o ambientado na savana africana, em que animais selvagens quase invadem o ringue. Embora todos os cenários estejam disponíveis no game, o dinamismo deles não está mais presente. Isso não chega a afetar o jogo, mas quem conhece a versão original nota a diferença.
Nada surpreendentemente novo
Este ponto negativo não chega a ser exatamente um defeito. É realmente muito interessante notar como a Capcom se empenhou para que a experiência de um dos maiores sucessos dos consoles chegasse ao 3DS com força total.
No entanto, tanto o Dynamic View quanto o Figure Collection não se destacam a ponto de que Super Street Fighter IV 3D Edition ser algo diferente. Assim, quem já possui alguma das versões do jogo em outras plataformas deve investir em 3D Edition se quiser aproveitá-lo em qualquer local e não pelos seus novos conteúdos.
Vale a pena?
É possível que a polêmica decisão da Capcom de adicionar atalhos na tela de baixo do 3DS faça com que jogadores mais experientes chiem, no entanto a mudança foi fundamental para que a transposição da jogabilidade de Super Street Fighter IV fosse feita da melhor maneira para o portátil da Nintendo.
Além disso, o jogo não força em nenhum momento que ninguém utilize os atalhos, assim como também permite que os adversários enfrentados no modo online sejam filtrados de acordo com o tipo de controle utilizado.
O mesmo acontece com o novo modelo de visão proporcionado pela Dynamic View. Quem se interessar pela nova câmera pode habilitá-la quando quiser ou então mantê-la desligada sempre.
Assim, Super Street Fighter IV 3D Edition consegue a proeza de reproduzir em um portátil a experiência de um jogo de luta feito para consoles sem perdas significativas. Pelo contrário, o que ocorre é a adição de conteúdo. Além disso, o game permite que a experiência de Street Fighter possa ser levada para todos os lugares.
Desse modo, este jogo é uma aquisição fundamental para todos os donos do portátil da Nintendo que sejam minimamente interessados no gênero de luta. Para quem possui a versão dos consoles, contudo, a compra só vale se o jogador estiver interessado na possibilidade de disputar uma partida entre Ryu e Ken onde quiser.
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